Imagem do Facebook
Os músicos de Bremen irmãos Grimm
"Um homem
tinha um burro que, há muito tempo, carregava sacos de milho para o moinho. O
burro, porém, já estava ficando velho e não podia mais trabalhar. Por isso, o
dono tencionava vendê-lo. O pobre animal, sabendo disso, ficou muito
preocupado, pois não podia imaginar como seria seu novo dono... e então, para
evitar qualquer surpresa desagradável, pôs-se a caminho da cidade de Bremen.
"Certamente, poderei ser músico na
cidade", pensava ele.
Depois de andar um pouco, encontrou um cão deitado
na estrada, arfando de cansaço.
- Por que estás assim tão fatigado? perguntou o
burro.
- Amigo, já estou ficando velho e, a cada dia, vou
ficando mais fraco. Não posso mais caçar; por isso meu dono queria me entregar
à carrocinha. Então, fugi, mas não sei como ganhar a vida.
- Pois bem, lhe disse o burro. Minha história é bem
semelhante à sua. Vou tentar a vida como músico em Bremen. Venha comigo. Eu
tocarei flauta e você poderá tocar tambor.
O cão aceitou o convite e seguiu com o burro. Não
tinham andado muito, quando encontraram um gato, muito triste, sentado no meio
do caminho.
- Que tristeza é essa, companheiro? lhe perguntaram
os dois
- Como posso estar alegre, se minha vida está em
perigo? respondeu o gato. Estou ficando velho e prefiro estar sentado junto ao
fogo, em vez de caçar ratos. Por esse motivo, minha dona quer me afogar.
- Ora, venha conosco a Bremen, propuseram os
outros. Seremos músicos e ganharemos muito dinheiro.
O gato, depois de pensar um pouco, aderiu e
acompanhou-os. Foram andando até que encontraram um galo, cantando tristemente,
trepado numa cerca.
- Que foi que lhe aconteceu, amigo? perguntaram os
três.
- Imaginem, respondeu o galo, que amanhã a dona da
casa vai ter visitas para o jantar. Então, sem dó nem piedade, ordenou ao
cozinheiro que me matasse para fazer uma canja.
Os outros, então, lhe propuseram:
- Nós vamos a Bremen, onde nos tornaremos músicos.
Você tem boa voz. Que tal se nos reunissemos para formar um conjunto?
O galo gostou da idéia e juntando-se aos outros
seguiram caminho.
A cidade de Bremen ficava muito distante e eles
tiveram que parar numa floresta para passar a noite. O burro e o cão
deitaram-se em baixo de uma árvore grande. O gato e o galo alojaram-se nos
galhos da árvore.
O galo, que se tinha colocado bem no alto, olhando
ao redor, avistou uma luzinha ao longe, sinal de que deveria haver alguma casa
por ali. Disse isso aos companheiros e todos acharam melhor andar até lá, pois
o abrigo ali não estava muito confortável.
Começaram a andar e, cada vez mais, a luz se
aproximava. Afinal, chegaram à casa. O burro, como era o maior, foi até a
janela e espiou por uma fresta. À volta de uma mesa, viu quatro ladrões que
comiam e bebiam. Transmitiu aos amigos o que tinha visto e ficaram todos
imaginando um plano para afastar dali os homens. Por fim, resolveram
aproximar-se da janela. O burro colocou-se de maneira a alcançar a borda da
janela com uma das patas. O cão subiu nas costas do burro. O gato trepou nas
costas do cão e o galo voou até ficar em cima do gato.
Depois, a um sinal combinado, começaram a fazer sua
música juntos: o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cacarejava.
A seguir, quebrando os vidros da janela, entraram pela casa a dentro, fazendo
uma barulhada medonha.
Os ladrões, pensando que algum fantasma havia
surgido ali, saíram correndo para a floresta. Os quatro animais sentaram-se à
mesa, serviram-se de tudo e procuraram um lugar para dormir. O burro deitou-se
num monte de palha, no quintal; o cão, junto da porta, como a vigiar a casa; o
gato, junto ao fogão, e o galo encarapitou-se numa viga do telhado. Como
estavam muito cansados, logo adormeceram.
Um pouco além da meia noite, os ladrões,
verificando que a luz não brilhava mais dentro da casa, resolveram voltar. O
chefe do bando disse aos demais:
- Não devemos ter medo!
E mandou que um entrasse primeiro para examinar a
casa. Chegando à casa, o homem dirigiu-se à cozinha para acender um vela.
Tomando os olhos do gato, que brilhavam no escuro, por brasas, tentou neles
acender um fósforo. O gato, entretanto, não gostou da brincadeira e avançou
para ele, cuspindo-o e arranhando-o. Ele tomou um grande susto e correu para a
porta dos fundos, mas o cão, que lá estava deitado, mordeu-lhe a perna. O
ladrão saiu correndo para o quintal, mas, ao passar pelo burro, levou um coice.
O galo, que acordara com o barulho, cantou bem alto: - Có, có, ró, có!!!!
Sempre a correr, o ladrão foi se reunir aos outros,
a quem contou:
- Lá dentro há uma horrível bruxa que me arranhou
com suas unhas afiadas e me cuspiu no rosto. Perto da porta, há um homem mau
que me passou um canivete na perna. No quintal, há um monstro escuro, que me
bateu com um pedaço de pau. Além disso tudo, no telhado está sentado um juiz,
que gritou bem alto:
"- Traga aqui o patife!!!"... Acho que
não devemos voltar lá... é muito perigoso!!
Depois disso, nunca mais os ladrões voltaram à
casa, e os quatro músicos de Bremen sentiam-se muito bem lá, onde faziam suas
músicas e viviam despreocupados. De vez em quando alguém das redondezas os
chamavam e lá iam eles, felizes e contentes, tocar a sua música...."